Após a morte de Dhlakama, a liderança da RENAMO tem estado sem rumo. Ossufo Momade já demonstrou a intenção de se firmar como líder, mas, na minha opinião, Ossufo não é a pessoa certa para o cargo. Ele não possui as capacidades necessárias para liderar um partido como a RENAMO. Dhlakama, por outro lado, sabia lidar com todos. Sob a sua liderança, os membros do partido viveram sempre sob a sua sombra, pois Dhlakama moldou a RENAMO à sua imagem. Referir-se à RENAMO era o mesmo que falar de Dhlakama.
É verdade que ninguém é insubstituível e que as pessoas passam, mas as instituições ficam. Contudo, Ossufo Momade não tem as qualidades necessárias para substituir Dhlakama, especialmente num momento tão difícil para o partido.
Dhlakama, mesmo recorrendo a métodos discutíveis, conseguia garantir que o partido no poder respeitasse as diferenças – ou, pelo menos, que fingisse respeitá-las. Ele tinha a capacidade de mobilizar as massas, enchendo estádios de futebol apenas para ouvirem a sua voz através de colunas gigantes. A sua presença, mesmo que só pela voz, era suficiente para atrair multidões. Dhlakama possuía um carisma único.
Com a impopularidade crescente da RENAMO, este deveria ser um momento de reflexão para o partido. A morte de Dhlakama deixa uma lacuna evidente, e se a liderança atual não tiver a inteligência e serenidade necessárias, o partido pode entrar em decadência.
Não esperávamos que o novo líder da RENAMO fosse um outro Dhlakama, pois isso seria impossível, mas esperava-se que tivesse a capacidade para guiar o partido com sucesso. Não gostaríamos de ver a RENAMO desintegrar-se, como aconteceu com o MDM após a morte de Daviz Simango. Num país sem uma oposição forte, o fracasso é inevitável em todos os níveis. Nenhum investidor sério arrisca o seu dinheiro e ninguém com integridade apoia ditaduras. Nunca vi o FMI, o Banco Mundial ou outros doadores internacionais a investir em ditaduras.
Enviar um comentário